Quanto ao dom de línguas…
Acerca dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes.
1 Coríntios 12:1
Durante toda minha vida evangélica tenho visto que a maioria dos crentes pentecostais não sabe nada sobre o dom de línguas, não sabem nada sobre a disciplina deste dom. Eles acham que basta falar línguas a torto e direito, e pronto, mostrarão espiritualidade, e que o culto foi uma benção, cheio de poder pelo simples fato de falarem em línguas.
Para muitos, quanto mais alto eles gritarem em línguas, mais espiritualidade, mais mover, e somente assim o culto passa a ser uma benção.
Para essas pessoas a Bíblia usa duas palavras: meninos e ignorantes.
Na igreja primitiva o dom de línguas servia para três funções:
1- Dom de línguas para evangelização de povos que falavam outras línguas.
Isso aconteceu em Atos 2, quando os discípulos começaram a falar em línguas e quem os ouvia, compreendia-os em seu próprio idioma. Nesse caso, o Espírito Santo inspirava os discípulos a falarem em línguas estranhas, de maneira que outros povos os compreendiam em suas próprias línguas.
Dentro da teologia existem dois grupos de teólogos que divergem um pouco sobre o que seria essas línguas. Um grupo diz que estas línguas eram idiomas, e que o Espírito Santo capacitou cada discípulo, mesmo sem ter aprendido, a falar no idioma de cada pessoa que estava em Jerusalém na ocasião da festa de Pentecostes.
Outro grupo de teólogos diz que não eram idiomas, mas línguas misteriosas (glossolalia), mas o Espírito Santo, o mesmo que capacitou os discípulos a falarem em línguas misteriosas, capacitou os ouvintes a entenderem tais línguas em seus próprios idiomas.
De qualquer forma, em Atos 2 vemos que estas línguas foram usadas para que o evangelho fosse divulgado à pessoas que o levaria até os confins da terra.
2- Línguas estranhas como mensagem profética
Encontramos as línguas estranhas como mensagens proféticas no livro de 1 Coríntios 14:
‘’E, se alguém falar em língua desconhecida, faça-se isso por dois, ou quando muito três, e por sua vez, e haja intérprete.’’ 1 Coríntios 14:27
Aqui vemos que não basta falar línguas estranhas a torto e a direito, alto na congregação. É preciso haver alguém responsável por fazer a interpretação. Alguem com o dom espiritual de interpretar as línguas(glossolalia) para que a igreja seja edificada através das mesmas. A Bíblia deixa claro que, se se não houver intérprete, a pessoa deve se calar (deixar de falar alto) e falar consigo mesmo e com Deus.
3- Línguas estranhas para auto-edificação
‘’O que fala em língua desconhecida edifica-se a si mesmo, mas o que profetiza edifica a igreja.’’ 1 Coríntios 14:4
Essas línguas estranhas são para auto-edificação. Trata-se de uma oração que o próprio Espírito Santo coloca em nossos corações, e a mesma é falada por nossos lábios para nos edificar espiritualmente. Elas não edificam ninguém a não ser quem as fala, pois ninguém as entende. Se algum indouto entrar na igreja e ouvir alguém falando tais línguas, vai pensar que a pessoa está louca ou desequilibrada (V23).
O apóstolo Paulo continua dizendo que tais línguas devem ser pronunciadas de maneira tão silenciosa, a ponto de ninguém ouví-las saindo de nossos lábios.
Mas, se não houver intérprete, esteja calado na igreja, e fale consigo mesmo, e com Deus.1 Coríntios 14:28
Porque o que fala em língua desconhecida não fala aos homens, senão a Deus; porque ninguém o entende, e em espírito fala mistérios. 1 Coríntios 14:2
Infelizmente, hoje nas igrejas pentecostais estamos vivendo um tempo em que quanto mais se grita línguas estranhas melhor, um tempo onde existem até pastores que mandam as pessoas falarem em línguas, como que se as línguas fossem algo que pudessem ser manipuladas por homens, e não, inspiradas pelo Espírito Santo.
Está assim: ‘’Agora vamos todos começar a falar em línguas’’. Aí a igreja toda começa a falar alto, e por um período longo as línguas estranhas. Parece que o dom é do líder, e não, do Espírito Santo, o qual irá nos capacitar na hora que Ele quiser para pregação do evangelho a outros povos, para uma profecia que edifique toda igreja ou um(ns) de seu(s) membro(s) e para nossa própria edificação. Agora são os pastores que estão ditando a hora que podemos falarem línguas, e não mais o Espirito Santo.
Há também aqueles crentes que gostam de se exibirem, mostrando que falam línguas estranhas. Eu já ouvi mensagem na qual o pregador falava mais línguas estranhas do que o português, e também vi cultos onde falava-se línguas estranhas alto o tempo todo.
Muitos pentecostais, por ainda serem meninos e ignorantes em termos bíblicos, pensam que quanto mais gritarem, mais serão ouvidos; quanto mais falarem línguas estranhas e verem manifestações, mais espirituais serão. Pensam que o culto só será uma benção se houver gente gritando em línguas, e fazendo um culto irracional, sem regras de começo, meio e fim, onde pode-se tudo. Para muitos isso é um culto abençoado.
Felizmente, não e assim que a Bíblia nos ensina.
Muitas dessas pessoas que gostam de falar em línguas alto o tempo todo e de manifestações espirituais quando saem do culto não são capazes de mostrarem ao mundo a mudança de caráter, de mostrar os frutos do Espirito Santo gerado nelas.
Em 1 Coríntios 14, o Apóstolo Paulo deixa bem claro como o culto deve ser realizado, de maneira a não causar confusão, constrangimento, e de não fazer com que os não cristãos pensem que estarmos loucos e que a assembleia é um lugar de pessoas desequilibradas.
Um culto abençoado é aquele onde há ordem, há salmos, há cânticos, há línguas, há profecia e há pregação da palavra (que também é uma profecia), porém tudo em seu tempo, com ordem e decência, e não com histeria e desordem.
Leia 1 Coríntios 14!
Que nós pentecostais possam deixar a meninice e ignorância bíblica!
Porventura não errais vós em razão de não saberdes as Escrituras...? Marcos 12:24