AUTORIDADE X AUTORITARISMO PASTORAL
Ola amado leitor!
Antes de começar a falar sobre Autoridade, eu quero deixar a definição dessa palavra segundo o dicionário de língua portuguesa, e somente depois incluir a palavra pastor nesse Substantivo feminino chamada autoridade.
AUTORIDADE (do latim auctoritas) é um gênero ou uma simples fonte de poder. É a base de qualquer tipo de organização hierarquizada, sobretudo no sistema político. É uma espécie de poder continuativo no tempo, estabilizado, podendo ser caracterizado como institucionalizado, ou não, em que os subordinados prestam uma obediência incondicional, ao indivíduo ou a instituição detentores da Autoridade.
Direito que determina o poder para ordenar; poder exercido para fazer com que (alguém) obedeça.
Devido à natureza abrangente do conceito, diversos filósofos e teóricos tentaram definir a autoridade legítima, chegando a conclusões diferentes.
Segundo o dicionário de língua portuguesa, existem várias definições diferentes para autoridade. Eu coloquei somente algumas delas neste artigo para que possamos ter um conhecimento mais profundo do que vamos tratar aqui.
No meu artigo eu quero falar sobre autoridade pastoral. Isso quer dizer que vamos falar sobre bíblia. Sobre o que a bíblia nos ensina e ordena e o que vem de homens para se perpetuarem no poder dentro da igreja, ou sobre alguém, seja por orgulho, altivez, soberba, ganância ou mesmo ignorância (falta de conhecimento da bíblia).
DE ONDE VEM A AUTORIDADE DE UM PASTOR?
Os pastores têm que saber que a autoridade que eles possuem não é propriamente deles, mas de Deus, que lhes foi dada através de Jesus Cristo.
O rebanho também não é deles, mas de Jesus que os confiou o cuidado do rebanho.
Um pastor deve ministrar segundo o que a bíblia ensina e não segundo seu próprio querer, vontade ou o que ele acha certo ou errado, mas segundo a vontade de Deus e o que Deus tem por certo e errado.
A autoridade do pastor não consiste em gritarias, imposição e ordens extremas.
Ele deve passar para o rebanho o que Jesus ensinou. Todo erro, falta de disciplina, pecados, devem ser unicamente corrigidos pela autoridade da palavra de Deus, e não segundo o que o pastor quer.
Em nenhuma parte do novo testamento vemos pessoas sendo excluídas da igreja a não ser por casos muito sérios, como incesto e casos sexuais gravíssimos, mas mesmo assim no final vemos o apóstolo Paulo pedindo para que quem cometesse tal ato seja novamente aceito à comunhão da igreja (Paulo deve ter visto o arrependimento do Homem). Logo, a autoridade de Deus dada ao pastor não aceita que tal expulse, maltrate e humilhe qualquer pessoa, mas sim, que ensine com amor e mansidão para que haja conversão e não abandono da fé.
A vara e o cajado do pastor não são para maltratar as ovelhas, e sim, cuidar delas.
O cajado tinha uma envergadura que servia para pegar a ovelha quando a mesma estivesse à beira de um penhasco e para afugentar animais predadores como lobos, e a vara servia apenas para assustar aquelas ovelhas que estavam saindo do rebanho. O pastor pegava e dava umas varadas de leve nas ovelhas que por terem muita lã, não sentiam dor, apenas se assustavam e voltavam correndo para o caminho. Por isso que o salmista no Salmo 23 diz: «A tua vara e o teu cajado me consolam». David era pastor de ovelhas, e ele sabia muito bem que a vara e o cajado não eram para ferir as ovelhas, mas pra protegê-las, livrá-las e fazê-las voltarem ao caminho sem violência.
A autoridade do pastor deve ser usada de forma bíblica e segundo o que as escrituras mandam. Aquele que é ovelha vai ouvir a voz mansa do pastor, ou seja, vai ouvir a voz de Deus através do pastor e vai obedecer. Jesus disse: As minhas ovelhas ovem a minha voz… João 10:27
O pastor não deve se preocupar com quem não quer ouvir, com quem quer confrontá-lo, com quem não quer fazer nada. Quem é ovelha do Senhor vai ouvir a voz do pastor que estará falando segundo a palavra de Deus. Ninguém pode ser exigido, constrangido ou obrigado a alguma coisa. Tudo na obra de Deus é voluntário, de boa vontade e de coração puro. Deus não se agrada de coisas obrigadas.
O pastor jamais deve usar o termo: Aqui o pastor sou eu. A porta da casa é a serventia da rua, Se não quiser me ouvir que procure outra igreja.
Por que ele não pode dizer isso? Porque o supremo pastor é Jesus e ele é apenas o encarregado, mas não o dono das ovelhas. Porque a casa não é dele, a comunhão do corpo pertence ao Senhor que é a cabeça. Por que as ovelhas jamais serão obrigadas a ouvir voz de homem, mas a voz do próprio Deus através do homem.
A autoridade pastoral deve ser usada para ensinar, corrigir e disciplinar, lembrando que tudo deve ser feito coletivamente (quem é do Senhor vai ouvir sua voz). Um pastor jamais deve lavar rouba suja no púlpito, jogar indiretas para esse ou aquele membro.
Toda pregação exortativa e de disciplina deve ser feita coletivamente do púlpito, somente em casos muitos sérios que o pastor deve então chamar uma testemunha e junto com essa testemunha conversar direto com a pessoa no gabinete pastoral, lembrando que aquela ovelha não é dele, mas do Senhor. Ali se usará o cajado e a vara. O cajado para tirar a ovelha do abismo e a vara para assustar e fazê-la voltar ao rebanho, pois a mesma está se desviando. O cajado e a vara jamais devem ser usados para humilhar, espancar, aterrorizar e maltratar a ovelha, pois eles não foram criados para isso.
Um pastor deve ter convicção de quem ele é em Cristo, qual o papel dele na frente do rebanho, que o rebanho não é dele e que a palavra que ele ministra não é dele.
Ele é um servo do Supremo Pastor.
As ovelhas devem respeitá-lo e ouví-lo todo tempo que a autoridade vier da palavra de Deus. As que são do Senhor irão; somente os bodes não ouvirão, mas quem vai separar será o Senhor no último dia.
Não cabe ao pastor querer separar joio do trigo e bodes de ovelhas. Essa é a missão do Supremo Pastor, e Ele vai fazer isso no último dia.
Aqueles que são rebeldes, que não querem fazer nada pro Senhor, devem de uma maneira ser «ignorados», mas não esquecidos e maltratados, e o pastor jamais deve deixar que tais pessoas suguem sua energia, ele jamais deve bater boca com essas pessoas. Deve deixá-las de lado e ver as que querem obedecer e trabalhar, e seguir orando pelas que não querem. Deus tem o poder de transformar joio em trigo e bode em ovelha. Pegue quem quer trabalhar e coloque estes, pois farão de bom grado. Lembrando que o pastor deve sempre estar na frente do rebanho dando o exemplo
Quero citar 3 áreas de responsabilidade e autoridade pastoral:
1: Um pastor tem a autoridade e responsabilidade de ensinar e pastorear a Igreja.
(Atos 20:28; Efésios 4:11-12; 1 Tessalonicenses 5:12; 1 Pedro 5:1-4)
2: Um pastor tem a responsabilidade e autoridade para proteger a Igreja de falsos ensinos. (Atos 20:28-31; 1 Coríntios 14:29; 1 Timóteo 4:1-6; Tito 1:9-13)
3: O pastor tem a responsabilidade e autoridade para supervisionar todo o trabalho da Igreja. (Atos 20:28; 1 Tessalonicenses 5:12; 1 Pedro 5:1-2)
Um pastor só tem autoridade enquanto ele está falando segundo a palavra de Deus. Se um pastor deixar de falar segundo a palavra de Deus, o mesmo não deve jamais ser ouvido. As ovelhas devem ouvir a voz do Senhor através do pastor, e não, a voz dele mesmo.
Existem pastores que querem obrigar as pessoas a fazerem da maneira deles. Eles ordenam, exigem e obrigam as pessoas, dizendo que elas têm que fazer, pois ele que é o pastor e elas têm que obedecer, só que igreja não é firma e o pastor não é chefe. Igreja é totalmente diferente de firma, ela é o ajuntamento dos salvos em Cristo Jesus.
Eu conheci um pastor que dizia: Mesmo se eu mandar vocês fazerem errado, vocês têm que fazer, não será vocês que irão prestar conta, mas eu, mas se vocês não fizerem mesmo sendo errado, vocês que prestaram conta, pois eu tenho a unção de pastor e devo ser obedecido! Isso simplesmente está errado. A igreja não é uma firma, e o pastor não é patrão. Ele só deve ser ouvido enquanto estiver falando pela palavra de Deus, pois é a voz de Deus que as ovelhas devem ouvir através do pastor, e não a voz dele próprio.
Um pastor apenas tem autoridade tal como delegada por Deus a ele. Cristãos nunca são orientados a se submeterem cegamente aos líderes da Igreja, mas submeterem-se aos verdadeiros homens chamados por Deus, os quais estão liderando de acordo com a Palavra de Deus. Como o Apóstolo Paulo disse, “Sede meus imitadores, como também eu de Cristo.” (1 Coríntios 11:1).
Paulo poderia exigir que outros seguissem a ele porque ele estava seguindo Cristo e era cheio de fé, pregando a mensagem que lhe foi dada por Cristo. À parte disso, contudo Paulo não tinha autoridade. Ele avisava as Igrejas da Galácia que se ele pregasse outro evangelho, eles deveriam rejeitá-lo (Gálatas 1:8). Os cristãos devem rejeitar o ministério de qualquer homem que tente usar uma autoridade mundana na igreja.
EM QUE ESTÁ BASEADA A AUTORIDADE PASTORAL?
1: A AUTORIDADE DO PASTOR ESTÁ BASEADA NA MENSAGEM QUE ELE PREGA, E NÃO, EM SUA PRÓPRIA MENSAGEM. (Hebreus 13:7)
2: A AUTORIDADE DO PASTOR ESTÁ BASEADA EM SEU CHAMADO POR DEUS.
(Atos 20:28)
3: A AUTORIDADE DO PASTOR ESTÁ BASEADA NA VIDA QUE ELE VIVE.
(Hebreus 13:7)
4: A AUTORIDADE DO PASTOR ESTÁ BASEADA NO TRABALHO QUE ELE FAZ.
(1 Tessalonicenses 5:12-13)
AUTORIDADE ESPIRITUAL PASTORAL
1: É uma autoridade ministrada. (Atos 20:28; 2 Coríntios 13:10; 1 Pedro 5:2)
É com o proposito de construir e proteger o povo de Deus.
2: É uma autoridade submissa e humilde. (Marcos 10:42-45; 1 Coríntios 3:9; 4:1; 12:7; Tito 1:7; 1 Pedro 4:10; 5:3-5)
O pastor deve presidir sob a direção do Senhor Jesus Cristo, não pela sua própria mente ou vontade. A Igreja é propriedade de Deus, as pessoas são pessoas de Deus; a obra é a obra de Deus. Ele é meramente um cuidador ou ajudador. Contraste isto com o ministério de orgulho, de Diótrefes (3 João 9-10).
3: É uma autoridade de amor, de um pai. (1 Tessalonicenses 2:7-11)
O pastor deve presidir com amor, gentileza, respeito, ternura, felicidade, fidelidade, mansidão. Seu presidir não deve ser uma desagradável ditadura tirânica sobre outros, isto é, um reger para servir a si mesmo.
4: É uma autoridade liberada, para construir e não destruir.
(2 Coríntios 10:8; Efésios 4:11-12)
O pastor deve liderar sem exigências, sem querer impor ou obrigar, ele deve conhecer os limites de cada ovelha e deve servir como incentivador das mesmas para que cada uma venha lutar para atingir a estatura de homem perfeito.
A DIFERENCA ENTRE SER PASTOR E SER CHEFE
“Aos presbíteros, que estão entre vós, admoesto eu, que sou também presbítero com eles, e testemunha das aflições de Cristo, e participante da glória que se há de revelar:
Apascentai o rebanho de Deus, que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente; nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto;
Nem como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho.”
(1 Pedro 5:1-3).
A autoridade do pastor é diferente da autoridade do mundo, pois a autoridade dele não vem dele mesmo, mas de Cristo.
Eles pastoreiam com amor, compaixão, encorajamento, e não cheios de exigências.
Pastores que pastoreiam segundo a autoridade bíblica sabem que o rebanho não pertence a eles, eles não tentam pastorear como senhores, como sendo proprietários da herança de Cristo, e muito menos querendo controlar as pessoas segundo sua própria vontade.
(1 Pedro 5:2-3 “rebanho de Deus”, “herança de Deus”)
Pastores com autoridade bíblica pastoreiam para o bem estar de todo o povo e não por torpe ganância, pensando somente no lucro próprio, sem medo de abusar do povo. (1 Pedro 5:2)
Pastores com a autoridade bíblica são humildes e não consideram a si mesmos maiores que o rebanho, mas os do tipo senhores exaltam a si mesmos acima de todo o povo (1 Pedro 5:2 “entre vocês” 1 Pedro 5:5)
Pastores com autoridade bíblica ajudam a edificar o povo e o liberta para fazer a vontade de Deus, mas pastores do tipo senhores querem controlar o povo e empurrá-lo para baixo. (Efésios 4:11-12; 2 Coríntios 10:8). A palavra grega traduzida “destruição” em 2 Coríntios 10:8 é também traduzida como “demolir” (2 Coríntios 10:4).
“Mas Jesus, chamando-os a si, disse-lhes: Sabeis que os que julgam ser príncipes dos gentios, deles se assenhoreiam, e os seus grandes usam de autoridade sobre elas; mas entre vós não será assim; antes, qualquer que entre vós quiser ser grande, será vosso serviçal; E qualquer
que dentre vós quiser ser o primeiro, será servo de todos. Porque o Filho do Homem também não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos.”
Marcos 10: 42-45
PARA NÃO ESQUECER!
1: Nunca esqueçam que as pessoas não lhe pertencem e que vocês darão conta pela maneira que as tratam. (Atos 20:28; 1 Pedro 5:1-4; Tiago 3:1)
2: Tratar o povo como você gostaria de ser tratado. (Mateus 7:12).
3: Tratar as pessoas com igualdade. (1 Timóteo 5:21).
4: Encoraje o povo a ter uma visão pessoal da vontade de Deus e trazer novas ideias para a obra do Senhor. (Efésios 4:11-12)
5: Objetive produzir muitos líderes que irão trabalhar ao seu lado para multiplicar o ministério. (Atos 13:1; 20:4)
6: Não tenha medo de liderar, mas esteja certo de que você está liderando pela Bíblia. (1 Pedro 4.11)
7: Resistir à tentação de ser orgulhoso e de exaltar a si mesmo.
(Marcos 10: 42-45).
CONCLUSÃO
Um pastor jamais deve usar da autoridade pastoral que lhe foi concedida por Cristo para: humilhar, maltratar, impor, exigir, obrigar ou lançar alguém fora da comunhão dos santos. Até mesmo aquelas pessoas que poderão ser consideradas joios e bodes não podem ser maltratadas e humilhadas, pois ao pastor e lavrador convém cuidar de todos, dando alimento, água e cuidados, e naquele último dia o Supremo Pastor irá fazer a separação. Logo, não cabe ao pastor separar os maus dos bons, segundo sua própria vontade. As obras de cada um revelarão quem é mau e quem é bom. Quem é obediente e quem não é. Quem é ovelha e quem é bode. Quem é trigo e quem é joio.
“E até importa que haja entre vós heresias (aqui lê-se contenda, mentiras, e coisas semelhantes), para que os que são sinceros se manifestem entre vós.” 1 Coríntios 11: 19 (Aspas minhas)
Ao pastor cabe ser manso, fiel, amoroso, digno, amigável, apaziguador, encorajador, exemplo entre os fiéis, sem preferências, mas olhando a todos como filhos na fé que lhe foi confiado
por Deus para cuidar, não partidário, não falador de assuntos alheios, não gananciosos, não orgulhosos, e outras coisas semelhantes a essas.
Todavia, imaginai que esse servo pense consigo mesmo: ‘Meu senhor tarda demais a voltar’, e por isso comece a agredir os demais servos e servas, entregando-se à glutonaria e à embriaguez.
Entretanto, o senhor daquele servo voltará no dia em que ele menos espera e num momento totalmente imprevisível e o punirá com todo o rigor e lhe condenará ao lugar dos infiéis. Lucas 12: 45-46
Pastor Reginaldo Torres